Geografia

O Aconcágua fica no Oeste da Argentina na Província de Mendoza. Apesar de estar próximo do Chile, o Aconcágua é 100% argentino.

A região andina onde está o Aconcágua é chamada de “Andes Centrais”. Ele se caracteriza por ter montanhas elevadas, onde o Aconcágua evidentemente é o mais alto, emergindo de vales profundos. Algumas montanhas são Vulcões, como o Tupungato, mas muitas são resultado do “cavalgamento” entre duas placas, como o próprio Aconcágua, Cerro Plata, Mercedário, Alto San Juan, Marmolejo, todas montanhas da região que ou beiram os 6 mil metros ou ultrapassam esta altitude. Os Andes Centrais começam altura da Província de Mendoza e se estende até a Província de San Juan. Ao norte desta província começa a se formar o chamado altiplano andino, um grande e elevado planalto que tem sua maior extensão na Bolívia, onde é chamado de “Altiplano boliviano”. Na Argentina e Chile o Altiplano Andino é chamado de “Puna de Atacama“.

É importante salientar que o Aconcágua não é um vulcão, como foi erroneamente afirmado no passado devido um erro de interpretação do famoso naturalista Charles Darwin, que esteve na região durante sua viagem científica.

:: Leia mais: Artigo sobre a Geologia do Aconcagua – Site AltaMontanha.com

Entrada o Parque do Aconcagua. Na foto se vê rochas sedimentares basculadas e ao fundo a face Sul do Aconcagua, resultado do cavalgamento de uma placa sobre outra.

A característica comum das feições de relevo dos Andes Centrais é as montanhas apresentarem longas aproximações pelos vales, que em sua maioria não tem estradas, sendo necessário caminhar e carregar os equipamentos no lombo de mulas, um animal que faz parte da história e da paisagem cultural dos Andes Centrais no Chile e na Argentina e seus condutores, os “arrieros” também. O Aconcágua tem uma aproximação de 35 quilômetros, o Tupungato de cerca de 50, o Nevado El Toro, pelo lado chileno tem a aproximação mais longa dos Andes: 100 km!

A região dos Andes Centrais tem um clima mediterrâneo, o que inclusive é ótimo para a cultura do Vinho. Neste clima os verões são secos e quentes e os invernos úmidos e frios. Por conta disso a melhor temporada para escalada no Aconcágua é o verão, entre os meses de Dezembro e Fevereiro.

A vegetação do Aconcágua é muito escassa devido ao clima seco. Na região da entrada do parque é onde há mais verde, ao lado da Laguna de Horcones. Este ecossistema chama-se “Vega” e ele é composto por gramíneas que resistem o congelamento durante o inverno. Onde as vegas existem há um solo hidromórfico, por isso é necessário checar se estes campos verdes são firmes ou não. Na altitude a vegetação rareia e desaparece totalmente há 5 mil metros.

Um condor avistado em Plaza de Mulas

Poucos animais vivem na região do Aconcágua, mas os que suportam as condições de clima e relevo abundam por encontrarem um vasto território para colonizar. Os maiores animais são os Guanacos, um tipo de camelo que habita os vales e são os maiores animais. Uma curiosidade: Quase no cume do Aconcágua foi encontrado um Guanaco morto com enfeites indígenas que é um forte indício que a montanha foi escalada pelos Incas (e o animal usado como mochila). Na face Oeste da montanha também foi achado uma criança inca sacrificada, o que mostra que mesmo com dificuldade, estes povos pré colombianos foram os primeiros a estar ali, muito tempo antes dos europeus. Outros animais comuns são os zorros (raposas) e condores, que já foram muito abundantes, mas tem se tornado cada vez mais raro.

Na região do Aconcágua, a linha de neve começa por volta dos 4000 metros na face ocidental e 5000 metros na oriental voltada para o Atlântico. As faces voltadas para o norte recebem forte insolação enquanto as faces do sul se mantêm nas sombras durante grande parte do ano. Estas são as principais condicionantes que influenciam as características do gelo e da neve nesta região.

A neve é bastante dura na face norte até o meio dia, depois a radiação solar a deixa macia e profunda. Em toda a cordilheira se formam extensos campos de penitentes que no início da primavera não ultrapassam os 15 cm, mas no final do verão podem atingir os dois metros se transformando num sério obstáculo. Na parede sul a neve é seca e profunda sobre empinados penitentes e acima dos 6000 metros o gelo divide-se em camadas sobrepostas com diferentes graus de dureza. Na face leste, do Glaciar dos Polacos, a neve é dura e uniforme, mas uma nevada pode espalhar neve fresca e seca sobre esta superfície de finas placas de gelo duro.

O gelo e a neve dentro dos canais variam muito conforme sua orientação e as temperaturas que variam a cada ano. Os canais da face oeste apesar de bem ocultos podem se transformar em rios pastosos depois do meio dia. Existem também algumas cornijas sobre as arestas noroeste e nordeste, mas são perfeitamente evitáveis e não representam grande perigo. Na rota normal o gelo é pouco freqüente e limita-se a pequenos trechos.

A partir do segundo terço da montanha aparecem grandes torres de rocha fragmentada em pequenas placas que na face sul e oeste constituem um obstáculo respeitável durante a escalada.

Vista da face oeste do Aconcágua desde Canada 5050m após tempestade

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